'Presidente dos EUA deveria cuidar dos seus problemas', diz Gleisi após post de Trump em defesa de Bolsonaro
07/07/2025
(Foto: Reprodução) Ministra de Lula disse que Trump deveria respeitar soberania brasileira e não tentar interferir no Poder Judiciário. Norte-americano disse que Bolsonaro é alvo de perseguição. Gleisi Hoffmann durante cerimônia com Lula em 25 de fevereiro de 2025
Ton Molina/FotoArena/Estadão Conteúdo
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta segunda-feira (7) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deveria cuidar dos problemas do seu país e não tentar interferir no processo judicial brasileiro.
Responsável pela articulação política do governo, Gleisi deu a declaração após Trump publicar em sua rede social um post em defesa de Jair Bolsonaro (PL).
"Donald Trump está muito equivocado se pensa que pode interferir no processo judicial brasileiro. O tempo em que o Brasil foi subserviente aos EUA foi o tempo de Bolsonaro, que batia continência para sua bandeira e não defendia os interesses nacionais", afirmou a ministra.
Gleisi frisou que Bolsonaro responde "pelos crimes que cometeu contra a democracia e o processo eleitoral no Brasil". A ministra discorda que Bolsonaro seja alvo de perseguição.
"Não se pode falar em perseguição quando um país soberano cumpre o devido processo legal no estado democrático de direito, que Bolsonaro e seus golpistas tentaram destruir", disse.
Gleisi também afirmou que Trump deveria respeitar a soberania brasileira.
"O presidente dos EUA deveria cuidar de seus próprios problemas, que não são poucos, e respeitar a soberania do Brasil e de nosso Judiciário", afirmou a ministra.
Publicação de Trump
Trump defende Bolsonaro nas redes sociais
Trump usou as redes sociais nesta segunda-feira (7) para publicar um post em defesa de Bolsonaro. Na Truth Social, o republicano escreveu que Bolsonaro é alvo de perseguição.
Trump disse que o Brasil está fazendo “algo terrível” no tratamento dado ao ex-presidente, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado após perder as eleições para Lula (PT) em 2022.
Sem mencionar diretamente as ações judiciais contra Bolsonaro, Trump disse que vai acompanhar de perto o que acontece no Brasil e que o ex-presidente "não é culpado de nada".
Em dois julgamentos em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por 8 anos, por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação.
A Justiça Eleitoral entendeu que a reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, teve uso eleitoral.
No encontro, Bolsonaro fez afirmações sem provas sobre o sistema eleitoral brasileiro. O encontro, ocorrido em julho de 2022, foi transmitido pela TV oficial do governo.
Bolsonaro é réu por tentativa de golpe
Em março, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade tornar réus o ex-presidente e mais sete aliados por tentativa de golpe em 2022. Os cinco ministros votaram para aceitar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
No dia 10 de junho, Bolsonaro prestou depoimento. Ele negou as principais acusações, buscou contextualizar reuniões com militares, admitiu exageros na retórica contra o sistema eleitoral e afirmou que não teve qualquer envolvimento com planos ilegais.
Em 27 de junho, a ação penal que apura a participação do núcleo político e operacional na trama golpista para manter Bolsonaro no poder avançou para a fase final no STF.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, encerrou a chamada fase de instrução processual e determinou a abertura das alegações finais, etapa em que as partes — acusação e defesas — podem apresentar as últimas considerações antes do julgamento.
Até o momento, 497 pessoas foram condenadas pelo STF por tentativa de golpe de Estado em 2022. A maior parte foi considerada culpada pelos crimes de abolição violenta do estado democrático de direito, dano qualificado, golpe de estado, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa. Oito pessoas foram absolvidas.